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O enfraquecimento do feminino


A mulher selvagem como chave para um Eu autêntico


Analisando o arquétipo da "Mulher Selvagem" colocado pela autora Clarissa Pinkola Estés, psicóloga junguiana, as mulheres seriam seres que se assemelham com os lobos. Em seu livro “Mulheres que Correm com os Lobos”, de 1992, ela defende essa ideia e propõe maneiras de reaproximar a mulher de seu lado mais “selvagem”.


É como esse arquétipo trabalhado por Clarissa, funcionasse como uma ferramenta para tentar retirar as camadas da cultura daquilo que enxergamos das mulheres. Mostrar que existe uma força e instinto menos hegemonicamente dominante sobre o que é ser uma mulher.


A domesticação da mulher


Com o amadurecimento, a mulher pode se tornar consciente de algumas das maneiras pelas quais sua cultura a super-domesticou, fazendo com que ela se torne mais consciente de sua própria força animal instintiva e selvagem.


De acordo com Clarissa, a mulher possui uma força interior que foi se perdendo ao longo do tempo. Isso ocorreu muito com o fim das sociedades de organização matriarcal, porque nelas o feminino era sagrado, já que dava a vida. Ao entrar em sociedades patriarcais, para controlar a sexualidade e a força feminina, foi necessário afastar as mulheres desse arquétipo da Mulher Selvagem.


Este arquétipo da mulher selvagem na psique de uma mulher é uma expressão de sua natureza. Muitas mulheres no patriarcado tornam-se socializadas de uma forma que as leva a serem excessivamente civilizadas e domesticadas desde o momento em que nascem. Essa domesticação afeta a maneira como a mulher expressa sua sexualidade, forma novos relacionamentos, sua vida criativa, a relação consigo mesma, com o corpo, com o trabalho, etc.


O arquétipo da mulher selvagem é a força e a liberdade da mulher antes de ocorrer qualquer culturalização ou exposição à sociedade. Por isso é importante examinar nossos valores, crenças e ideais para determinar o que é autenticamente nosso e o que absorvemos através de nossa própria cultura. Quando uma mulher se torna consciente do arquétipo da mulher selvagem, ela fica livre para explorar a vida e os relacionamentos - em seus próprios termos.


Se conectando com essa mulher selvagem


Podemos ver o arquétipo da mulher selvagem despertando em nós por meio da sabedoria e do conhecimento do nosso corpo instintivo. Essa sensação de uma reação instintiva - ou "intuição feminina" - vem dela. Ela se comunicará conosco através de sonhos, imaginação, fantasia e linguagem simbólica. Talvez o primeiro passo para libertar a mulher selvagem seja ter coragem para se destacar da massa e seguir seu próprio caminho, isto é, realizar o processo de diferenciação.


No livro Clarissa diz que em nossa cultura há um estigma voltado para tudo o que é diferente. Então, para ser você mesma e deixar fluir o que naturalmente emana de si, é preciso ter ousadia. Isto, na maioria das vezes, acaba se tornando um caminho solitário, quando não é acompanhado de avaliações pré-concebidas.


"Uma vez que descobrimos sua mulher selvagem interior, portas parecem aparecer e se abrir onde antes não tínhamos visto."

Clarissa Pinkola Estés


Outras vezes, a própria mulher é sugada por caminhos e atividades que roubam a sua energia. É preciso estar atenta aos predadores externos e internos. Pela perspectiva da mulher selvagem, somos capazes de elevar nosso potencial – que nos permite acessar o nosso Eu autêntico. Afinal a experiência e o viver de acordo com a sabedoria dessa Mulher Selvagem latente em todas nós é uma etapa fundamental da diferenciação e do desenvolvimento da personalidade para todas as mulheres. Isto pode ajudá-las a ter uma vivência plena de totalidade e a se apropriar de seu poder pessoal na sua mais ampla manifestação.

Sobre a autora:

Eliza Guerra

Psicologia da Autoimagem

CRP 06/106705

Instagram: @psidaautoimagem

Contato: eliza@psicologiadaautoimagem.com.br




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