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Perfeccionismo e autenticidade


Como abandonar o perfeccionismo e cultivar a autenticidade pode contribuir para uma autoestima saudável


A pensadora Brené Brown disse que: “A maioria de nós está tentando viver com autenticidade, mas lá no fundo, queremos nos livrar das máscaras para sermos reais e imperfeitos.” Neste texto vamos falar sobre como mergulhar no autoconhecimento para irmos de encontro com o nosso Eu real e autêntico pode nos beneficiar em infinitos aspectos.


Já parou para pensar que autocompaixão é uma forma de desistirmos de um perfeccionismo tão almejado em tempos como o de hoje? O processo de sermos mais empáticos com nós mesmos nos leva a iniciar um trabalho genuíno em torno da nossa autenticidade.


Mas de que perfeccionismo estou falando?


Me refiro à crença de que se a nossa vida, aparência e comportamentos forem livres de qualquer erro sentiremos menos dores e seremos menos rejeitados. O perfeccionismo do qual falo ele funciona como um escudo que nos protege da dor e nos traz a falsa sensação de que somos aceitos. Quando estamos focados em sermos perfeitos estamos nos tirando a oportunidade de nos desenvolvermos de forma profunda e verdadeira, pois é nesta ação que deixamos de estar em contato com nossos sentimentos, emoções sejam elas boas ou ruins e principalmente nossas vulnerabilidades. Este é um ponto crucial pois o perfeccionismo não é uma ferramenta de aperfeiçoamento – forma com a qual muitos de nós lidamos com essa característica – ele nada mais é do que uma tentativa de recebermos a aprovação de quem está ao nosso redor.


O perfeccionismo que nos é ensinado


O padrão do comportamento de quem busca o perfeccionismo gira em torno das recompensas, afinal é isso que nos ensinam desde muito pequenos: quando somos avaliados na escola em casa e por toda uma sociedade que nos impõe regras e parâmetros a serem atingidos. As crenças sociais, a etiqueta entre outras cobranças reforçam essa busca incessante por ações perfeitas.


Impregnados por essa lógica e contexto social, adotamos a falsa ideia de que nós somos o que nós realizamos, sempre nos avaliamos pelo quanto estamos agradando e obedecendo a todas as regras, sem qualquer falha. Dessa maneira absorvemos um perfeccionismo já moldado socialmente, e nos colocamos em uma busca constante por sermos melhores do que somos, e o que não vemos é que isso muitas vezes nos paralisa!


Paralisados, vivemos em torno de esconder do mundo nossas imperfeições. E isso nos impede de forma contundente de nos desenvolvermos. Esse perfeccionismo paralisante se torna autodestrutivo, e vivemos a ilusão de que ser perfeito nos impedirá de sofrer. Quando em certa medida viver e se desenvolver é um processo que envolve também momentos de sofrimento.


Se tratando das mulheres o perfeccionismo é ainda mais implacável, quando agimos de uma forma que não agrada ao outro, à sociedade, etc. sofremos cobranças ainda mais bruscas e violentas. E coloco aqui uma reflexão: Por que ao invés de questionarmos o porquê de estarmos sendo cobrados para sermos perfeitos, nos questionamos sobre a razão de não sermos tão boas? E por que reforçamos ainda mais a sensação de que nunca somos o suficiente?


Abandonar o perfeccionismo é uma tarefa árdua a qual podemos ir a fundo, e uma das maneiras de fazer isso é praticando a autenticidade, que segundo Brené Brown não é algo que temos ou não temos e sim um exercício diário de consciência. Ser ou não autêntico se relaciona muito mais com a nossa coragem de entrar em contato com nosso Eu real do que com algo que magicamente está em nós.


Brown disse que: " A autenticidade é uma prática diária de abandonar quem nós pensamos que somos para assumir quem a gente é verdadeiramente."


Quando escolhemos ser autênticos podemos pensar em algumas ações que fortalecem esse processo como:

  • Cultivar a coragem de sermos imperfeitos e estabelecer limites que nos permitam ser também vulneráveis

  • Exercer a compaixão que vem de sabermos nossos pontos fortes e fracos dando vasão também para o abandono do perfeccionismo

  • Alimentar a conexão e o senso de pertencimento, que só vão existir quando acreditarmos que somos suficiente


Buscar ser autêntico pode ser bastante exaustivo, pois vivenciamos uma cultura que define quem devemos ser, como devemos falar, agir, se vestir, etc. Cansa pois a todo momento estamos tentando atender às expectativas alheias, nos voltando para agradar o outro, isso sendo mais fortemente sentido quando falamos das mulheres.


Por isso é tão importante cultivarmos a autenticidade e a autocompaixão como uma saída para o perfeccionismo, pois essas são as ferramentas viáveis para superarmos esse padrão do perfeito ao qual estamos sujeitos. Quando nos tornamos amorosos com a gente mesmo começamos a aceitar nossas imperfeições, e passamos a enxergar de fato quem somos, nos conectando com nossa autenticidade, com nosso Eu real, para assim abandonar o Eu ideal e aquele alguém que não somos nem nunca fomos, e sermos por fim livres.



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