Envelhecer é um processo pelo qual todos nós passamos, dentro dessa trajetória muitos acontecimentos e transformações ocorrem à medida que nossos caminhos de forma muito orgânica nos levam a desenvolver uma imagem única e singular.
Uma das grandes mudanças que acontecem durante a vida é a relação que temos e desenvolvemos com a nossa própria imagem, e a teoria dos setênios, parte importante da filosofia antroposófica, nos ajuda a compreender melhor os ciclos da vida e como cada fase impacta na nossa relação com a autoimagem.
Ficou interessada em descobrir mais sobre esse conceito dos setênios e como ele pode nos ajudar a ter uma relação mais livre com a nossa própria imagem? Leia o artigo e veja como você pode aplicar esta teoria para o seu bem-estar psicológico, físico e social!
Com o intuito de nos tornarmos responsáveis pela nossa própria imagem e sentirmos-nos confortáveis com ela podemos analisar, segundo a teoria dos setênios, os ciclos da vida de 7 em 7 anos, já que as divisões e transformações pelas quais passamos ao longo de nossa existência são marcos muito importantes.
Um dos setênio mais significativos, que é o terceiro segundo a antroposofia, acontece entre dos 14 aos 21 anos. É comum o surgimento de uma crise de identidade, nesta fase o mundo é sentido como verdadeiro e aprimoramos assim o nascimento de um EU que se relaciona com si próprio e com o mundo. As modificações corporais da puberdade exigem uma adaptação constante em relação ao corpo e a imagem, e é neste setênio que passamos a tomar as rédeas da nossa própria vida, nos tornando responsáveis por tudo que somos. As diversas experimentações que vivenciamos com o nosso próprio EU, traz a relação com a nossa imagem de forma muito contundente, pois é quando sentimos uma maior necessidade de nos sentir incluídos para que assim possamos fortalecer nossa autoestima, desenvolvermos uma identidade mais definida possibilitando o desenvolvimento de uma autoimagem positiva.
O jovem adulto entre 21 aos 28 anos, passa pelo quarto setênio, uma fase de emoções e sensações intensas. Durante este período ocorre de forma natural o nascimento de um EU próprio e de uma identidade bem definida. Este EU começa e viver uma fase de novas experiências, e tem a oportunidade de se colocar socialmente, sentimos que somos capazes de tudo. Sem dúvidas, a grande questão deste setênio é o EU profissional que passa a ter um grande espaço em nossas vidas e define muito da nossa própria imagem, é a fase na qual costumamos assumir a posição de ascensão, com mais consciência da própria imagem, força e vitalidade para que ele deságue no próximo passo que é o de maior contato com o EU real.
O quinto setênio é o da maturidade dos 35 aos 42 anos, e envolve principalmente as questões relacionadas a nossa forma de consumo e autodesenvolvimento, em resumo é o grande dilema de ser versus ter. Ocorrem muitas aberturas e reflexões ainda mais profundas nos levando a pensar mais em nosso propósito e missão de vida. É quando buscamos ser autênticas e exercer plenamente o nosso EU de forma única. O momento é de reavaliação de valores, grandes transformações e decisão de qual contribuição queremos dar ao mundo. As questões do desaceleramento metabólico afeta de forma crucial nossa relação com a própria imagem nos indicando que o caminho do autocuidado, nos permite desenvolver uma relação mais íntima e compreensiva com o próprio corpo.
Entre os 42 e 49 anos, vivemos o sexto setênio, uma fase da vida de grande desgaste físico, o que nos permite desenvolver de forma mais intensa a criatividade, possibilitando enxergar a vida com outros olhos. O maior desafio está na realização de novas metas de vida, buscando a harmonia com nós mesmas. O setênio da meia-idade devido às diversas mudanças físicas traz mais uma vez a criatividade como ponto crucial para que a nossa autoimagem seja de alguma forma reinventada para que a aceitação desta nova aparência física-corporal seja trabalhada de forma positiva.
Os sete anos entre os 49 e 56 anos, chamamos de fase do declínio físico, mas para além do aspecto físico o sétimo setênio é tido como o momento mais inspiracional de nossas vidas. As experiências transformam a sabedoria que acumulamos até aqui, nos voltamos para harmonia com nós mesmas ativando de forma bastante incisiva o sentido da escuta. Com o repertório estético mais enriquecido costumamos estar mais criativas e inspiradas em relação às mudanças que a vida oferece. Há também o medo da perda da feminilidade pelo envelhecimento afetando como enxergamos a nós mesmas, mas em contrapartida após a menopausa muitas de nós ganham mais confiança e estabilidade emocional. Quando não entramos em processo de negação costumamos caminhar em direção a um envelhecimento natural e sadio.
O oitavo setênio vivido dos 56 aos 63 anos traz a intuição como a palavra chave, é um momento de maior introspecção, a fim de praticar o autodesenvolvimento, já que o corpo passa por um desaceleramento intenso. Se levado de maneira positiva podemos envelhecer com bastante liberdade focadas em novas experiências proporcionadas por este estágio, se assumirmos este processo de autoaceitação acabamos por entender que é uma fase extremamente prazerosa e adaptativa. O comportamento se volta bastante para o lado sexual, pelo fato de existir um estereótipo de na velhice as atividades sexuais não se mantêm, o que pode afetar, e muito, a nossa autoimagem, por isso a importância de ter plena consciência de si, e do corpo para renovar sua própria visão ajustando-se assim à uma fase de muitas potencialidades.
Entre tantas reflexões, crises e mudanças é importante compreender que a construção da nossa autoestima acontece durante todos os setênios, e é preciso trabalhá-la, no sentido de fortalecê-la para que possamos nos sentir libertas e donas da nossa própria imagem. É dessa maneira que o autoconhecimento e as experiências vividas em cada fase pode vir a proporcionar um envelhecimento repleto de bem-estar, auto aceitação e cuidado com nosso Eu em todas as suas apresentações, seja ela física, emocional e social.
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